Lençol de Folha

   Naquele dia a menina estava bem feliz e bastante cansada pois ela teve um dia muito bom.

   Fizera um picnic na escola e a professora explicou que as borboletas que pousavam nas flores do jardim também estavam lanchando. Aquilo foi muito emocionante, pois se era assim, as borboletas fizeram um picnic junto com todas as crianças da sua turma.

   A menina de pijama estava deitada em sua caminha pensando em como as borboletas voavam livres, balançando com o vento, entre as plantas. De olhos fechados, ela lembrava que do lado de fora de sua janela havia um belo conjunto de vasos com flores coloridas: algumas eram violetas, outras vermelhas com um miolinho amarelo, outras flores eram brancas com borda cor de rosa.

   A menina pensou tanto nas flores que quase conseguia sentir o perfume e as pétalas macias ao alcance das mãos. Então sentiu um toque de leve no seu ombro. Ela olhou para trás e viu que duas lindas asas coloridas estavam bem ali nas costas do seu pijama. E que ela mesma estava pequenina sobre uma folha grande e macia. Um coro de vozes baixinhas e agudas a rodeava “Vamos! Não precisa de força, é só jeitinho! Bata suas asas! Vamos!” 

   Ela então concentrou-se em mover ao mesmo tempo suas graciosas asinhas coloridas. Foi só conseguir batê-las ao mesmo tempo que a menina já estava flutuando pelo céu.
Houve uma festa de gritinhos e pequenos apitos de comemoração pelo primeiro vôo da borboleta de pijama! (você sabe que as borboletas têm pequenas trombas parecidas com as de elefante e quando estão muito felizes elas sopram com força e parece um apitinho e foi isso que aconteceu). “Vamos! Vamos! Venha conhecer as flores!” dizia o coral de trombinhas ao seu redor.

   Ela seguiu a festiva nuvem colorida de novas amigas enquanto sentia suas asinhas ganharem mais habilidades. Um vento soprou de baixo e ela sentiu-se dar uma pirueta no ar!

   A brisa era suave e quando passava por entre as flores, que agora pareciam gigantes, era como uma onda de perfumes. 

   A menina sentia-se leve e se deixou levar para cima e para baixo, suavemente, até que subiu… subiu… e pode ver seu jardim do alto, com a grama e um pouco de capim crescendo perto da cerca, a casinha do cachorro e até mesmo a janela do seu quarto e sua cortina colorida do lado de dentro.. A menina queria voar alto e alto, e ver toda a casa.. Ela subiu um pouco mais e viu sua bicicleta encostada na parede, parecia bem pequenininha..  

   Viu o telhado de sua casa, viu as árvores ficarem pequeninas e até mesmo um gatinho passeando pelos telhados vizinhos. Ela queria ver a rua e subiu um pouco mais. Ela viu uns carrinhos passarem, ela estava tão alto que pareciam de brinquedo, pequeninos com pessoinhas pequeninas dentro deles.. Ela queria ver os quintais dos vizinhos, o mercadinho, a escola e toda a cidade…

   Enquanto subia notou que estava mais escuro e que não haviam mais muitas borboletas por perto. Ela viu que a nuvem colorida de borboletas estava descendo para perto das flores novamente. Ela ouviu um som de música, que parecia uma canção de ninar “hmm.. hmm..hmm.. hmm…’ e percebeu que as borboletas foram pousando todas nas folhas de um arbusto.

   Ela desceu devagarinho, observando todos os detalhes durante o seu vôo, talvez encontrasse a bola que perdeu outro dia. Enquanto isso, ela sentia que o escuro a deixava mais pesada e com vontade de ficar paradinha..

   Sua novas amigas borboletas estavam abrindo e fechando suas asinhas devagar, como se estivessem se espreguiçando.. E esticavam suas trombinhas, como se estivessem bocejando.. E suas patinhas de borboleta se seguravam firmemente debaixo de alguma folha grande o suficiente para cobri-las.

   Ela sentiu que o sereno da noite estava chegando e um friozinho gelado passava por seus pés. Procurou uma folha e encontrou uma bastante larga, verde escura com manchinhas de verde mais claro, muito bonita. Se equilibrou de cabeça para baixo como as outras borboletas e notou que seus pezinhos agora estavam agarrados nas bordas como presilhas de cabelo. Ela puxou as bordas para perto, parecendo um canudinho, que fazia para ela uma casinha confortável e protegida do frio e do sereno. Sentiu novamente seu corpo relaxar, deitada e bem coberta.

   Ela nem percebeu, mas estava de volta à sua caminha, bem confortável com seu pijama, enrolada em seu lençol, dormindo.

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